A incontinência fecal é definida pela incapacidade de controlar a eliminação de fezes e de gases. É um sintoma que gera repercussões na qualidade de vida, com grande impacto social. Pode acometer homens e mulheres. Vale lembrar que existe uma relutância dos pacientes em admitirem o problema e procurarem assistência médica.

Vários fatores estão envolvidos na causa do sintoma, entre eles constipação intestinal crônica – pelos esforços evacuatórios repetidos que geram dano aos nervos da região do períneo, fatores obstétricos e hormonais e envelhecimento.

A continência a fezes e gases é mantida com a interação de vários mecanismos, como o volume e a consistência das fezes, o tempo de trânsito do bolo fecal no intestino, a integridade do sistema nervoso e a capacidade de perceber a presença das fezes e/ou gases e de armazená-las no reto (porção final do intestino), associados com o desejo de evacuar. Para resgatar a continência fecal é necessário que todos esses mecanismos estejam funcionando adequadamente.

A fisioterapia é indicada para os pacientes que apresentam incontinência fecal. O tratamento depende da identificação do problema. A conduta fisioterapêutica é definida após avaliação do médico assistente. Quando identificada disfunção funcional, associada ou não a maus hábitos, o paciente é encaminhado à fisioterapia para a correção dessa disfunção.

A fisioterapia para esse sintoma, também conhecida como Reabilitação do Assoalho Pélvico, trata-se de um programa composto de orientações comportamentais e de treinamento muscular. As orientações comportamentais são dicas de bons hábitos com o intuito de preservar sua saúde e bem estar, válidas para toda a vida.

O treinamento muscular é constituído por exercícios para a musculatura do assoalho pélvico (períneo) – grupo de músculos perto do ânus e da raiz do pênis nos homens, e adjacente ao ânus e à vagina nas mulheres. A prática de exercícios dessa região promove:

– Melhora da percepção de contração e relaxamento da musculatura do assoalho pélvico.

– Melhora do controle evacuatório, pois os exercícios perineais têm um papel essencial tanto na continência fecal, quanto na eliminação das fezes.

Esses exercícios são realizados, em regra, com o auxílio de um biofeedback eletromiográfico, que ajuda o paciente no aprendizado, ou com o auxílio de estímulos elétricos, indicado para os pacientes que não têm percepção da região perineal.

Outras ferramentas também podem ser utilizadas durante o tratamento como terapia manual; balonet para treino da sensibilidade retal e treino evacuatório; e estímulos elétricos em algumas regiões específicas, para urgência evacuatória e incoordenação entre o funcionamento dos órgãos pélvicos (movimentos do reto) e o controle de eliminação (músculos da região perineal). O número de sessões realizadas varia de acordo com as queixas do paciente e a evolução clínica.

 

Dra. Samantha Figueiredo Frota Fernandes